O que faremos com Jesus?

Pilatos, a principal autoridade de Roma sobre a Judéia ocupada pelo Império, nunca quis autorizar a morte de Jesus. Por três vezes, em aproximadamente uma hora, no início daquela manhã de sexta-feira que antecedia a Páscoa judaica, ele deixou claro aos seus interlocutores que não via crime algum em Cristo. Num primeiro momento, Pilatos tentou livrar-se do problema sugerindo aos líderes religiosos que julgassem o prisioneiro no Sinédrio. Ele não queria tornar Roma responsável pela crucificação de alguém que ele julgava inocente. Tentou fazer com que a questão fosse resolvida no âmbito das leis do povo dominado. Ele estava realmente fora da massa de acusadores totalmente convulsionada e ansiosa por matar o Cristo.

O ódio dos sacerdotes e líderes por Jesus exigia uma condenação pública e sob a tutela do estado romano. O embate de Pilatos e os judeus por isso foi intenso e o governador tentou várias saídas para Roma quando, finalmente confrontado e sob a ameaça de um levante popular, aceitou entregar Jesus aos que clamavam por sua morte. Pilatos perdeu porque teve medo de perder o poder. Pilatos recuou porque os judeus o ameaçaram com a seguinte possibilidade: se você (Pilatos) absolvê-lo (Jesus), estará confrontando o Imperador porque quem se faz Rei está agindo em oposição ao César.

Apesar de sua atuação pouco nobre em todo o episódio, Pilatos hesitou em matar aquele que poderia, para ele, ser de fato o filho de Deus. Quando os sacerdotes disseram a Pilatos que Jesus se fazia filho de Deus, os relatos dos evangelhos nos mostram que ele ficou muito assustado, quase em pânico. E isso ocorreu porque Jesus já havia dito ao governador qual era o seu reino e por qual razão havia nascido e vindo ao mundo. Quando ouviu dos líderes judeus que Jesus se dizia filho de Deus, Pilatos imediatamente lembrou e associou essa acusação ao que o próprio Cristo o havia dito. Pela primeira vez, Pilatos percebeu que poderia estar diante do Redentor em pessoa. Daí o temor de mandar para Cruz aquele homem que não era apenas um homem: era Deus.

Tanto é que logo após ter ouvido o que ouviu dos judeus, Pilatos volta a entrevistar Jesus pela segunda vez. E logo vai perguntando ao Filho de onde ele vem. É a primeira vez que Pilatos faz a pergunta, que poderia ter sido feita no primeiro diálogo mas que aqui ganha outros contornos. Pilatos não quer saber se Jesus vem de Nazaré, Betânia ou de Belém ou ainda da própria Jerusalém. Pilatos quer saber se Jesus vem do Céu!

Apesar dessa assombrosa constatação, a maior a que pode chegar um ser humano, Pilatos não se rendeu ao Senhor. A ameaça de perder o poder falará mais alto e ele entregará Jesus em alguns minutos, não sem antes lavar as mãos, numa patética demonstração de covardia. Pilatos estava a dizer: se querem matar o Filho, eu deixo, porém, sem ser responsável por sua morte. Sua ação ou falta de ação de nada adiantou. Ele fez a pior opção, a mesma que milhares de seres humanos têm feito ao longo de 2011 anos. Entre as coisas terrenas e as bençãos celestiais, o governador ficou com as primeiras.

E nós, o que faremos com Jesus? Estamos dispostos a nos despojar de tudo para segui-LO? Ou faremos como Pilatos e lavaremos as mãos para seguir no poder das coisas dessa vida? Pilatos não pagou o preço. E nós, vamos pagar? Qual será nosso diálogo com Jesus? Pilatos já teve o dele. Estamos preparados para o nosso?


PRIMEIRO DIÁLOGO

Pilatos - És tu o Rei dos Judeus?
Jesus - Perguntas por ti mesmo ou foram os outros que te disseram isto de mim?

Pilatos - Por acaso sou judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. O que fizeste?
Jesus - Meu reino não é deste mundo, se fosse deste mundo, os meus ministros teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui.

Pilatos - Logo, tu és rei?!
Jesus - Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.

Pilatos - O que é a verdade?

JESUS É AÇOITADO

SEGUNDO DIÁLOGO

Pilatos - Donde és tu?
Jesus - ...

Pilatos - Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar?
Jesus - Não terias nenhum poder sobre mim se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior

João 18:29-38
João 19:8-12